18 de setembro de 2009

HENRIQUE LEIS – ALMANCIL


Henrique Leis é um brasileiro que trabalhou com alguns dos melhores Chefs franceses (Paul Bocuse, Pierre Troisgros, Guy Savoy, Pierre Gagnaire) antes de escolher o Algarve, em 1993, para abrir o seu primeiro restaurante.

Em 2000 o livrinho da Michelin atribui-lhe a estrela, que ainda hoje mantém. Este restaurante marcou a minha primeira experiência Michelin e por isso mesmo tem ainda hoje um “gostinho especial”.

Como todos os outros restaurantes de topo desta área, também ele escolheu o único mercado existente no Algarve durante todo o ano, ou seja, uma comunidade abonada, na sua maioria estrangeira, que por ali tem residência ou passa férias no na Quinta do Lago, Vale de Lobo e Vilamoura, onde o PIB mais se aproxima duma Suiça do que de um Portugal em recessão. Ao contrário de Lisboa, no Algarve o mercado lifestyle apenas acontece em Agosto e não há custos que aguentem…


Estamos perante uma cozinha de autor, de influência marcadamente francesa.

A origem brasileira do Chef é detectável apenas no colorido dos ingredientes utilizados, como acontece logo de entrada com o amuse bouche: um shot tricolor de melão, meloa e gelatina de melancia, acompanhado por um profiterole (que na verdade era mais um macarron) de beterraba com recheio de foie.

A cor é uma constante ao longo do menu e as louças escolhidas são muito interessantes a ajudam a reforçar esse colorido.

Como sempre, não consegui resistir ao prato de vieira, neste caso com caviar royal sobre um entrançado de courgette na base e lembro-me ainda agora do ravioli de trufa, com um consommé de lagosta vertido por cima (no momento), numa conjugação perfeita de sabores entre terra e mar.

Recomendo para os amantes da carne o tornedó de novilho angus com redução de Porto Vintage, acompanhado com vários purés (funcho, aipo bola e beterraba) e para os mais excêntricos o ravioli de gorgonzola com puré de batata-doce.

Nas sobremesas temos à nossa espera a originalidade, por exemplo de um tomate recheado como se de uma compota sólida se tratasse com recheio de frutos secos, ou de um contraste entre uma mousse de chocolate e um gelado de baunilha.

O serviço de vinhos é de bom nível, quer ao nível do aconselhamento, quer nas temperaturas, como aliás são todos os restaurantes “estrelados”.

O serviço de mesa não chega ser simpático, pois quem aqui vem para desfrutar acima de tudo da refeição gosta que lhe expliquem a composição dos pratos e que não se limitem apenas a deixa-los à nossa frente, com um sorriso na cara.
A cozinha de Henrique Leis é uma cozinha rica, alegre, com toques artísticos interessantes, sabedoria e arrojo que vale a pena experimentar!!!



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